Cartas de | Cartas para (LL) - Bonnefantenmuseum
2014
(…)
(silêncio)
Não, por favor
Por favor, não posso ser tentado a pular no desconhecido desta forma. Choice, enquanto palavra, já leva a um sentimento abissal; como título já é um lugar onde pensamentos vêm habitar só para ali serem dissolvidos, como diria Adorno. Tenho medo do escuro. Tenho medo de ser dissolvido. Mas, já que não tenho escolha, posso escolher entre o saber e o esquecer?
Homem = carne/ Mulher=carne – bala
Untitled (Cinema Shadow),
Sobre a profecia apocalíptica Yanomami de que o céu e suas divindades caiam sobre a terra com o peso do fim
Diga a ela que eu volto amanhã de manhã
Diga a ela que eu volto amanhã de manhã
Diga a ela que eu volto amanhã de manhã
Diga a ela que eu volto amanhã de manhã
Something is happening to him. He is alone in an isolated
house. Hallucinations, conversations with imaginary characters
and objects. The place has a blind spot: a room full of objects.
Tomorrow, vai ser bacana, bacana, bacana
not cinema, maybe reality, not theatre, not installation, maybe fiction, not performance, unspecified.
Yellow-green green-yellow Mr. Sganzerla
Yellow-green green-yellow Mr. Sganzerla wow wow wow
Sobre a paralisia infantil
Sobre a delinquência juvenil
Que caia um javali de unhas pink descascadas e mega hair sobre a terra com o peso do fim
Galinhas de Gala
Monte de irônicos,
“um ovo nasce na geladeira”. Não é piada!
Digo: para discutir a produção dessa artista, é preciso desburocratizar a linguagem, liberando a/o autor/a para construir críticas e critérios de rigor inventivo.
Não produzir/reproduzir
Não nomes
Não não
Não sim
Recusa a resistir
Elevador social
Último andar
Sem paredes
Vivia21
Homem=carne/ Mulher=carne – Marra
Li isso e pensei em você,
Lembro-me de ir a um respeitável médico homeopata, levado por meu pai, quando era criança. Já usava uma mão ortopédica. O doutor a tocou para medir meu pulso e fiquei tão intimidado que nada fiz para impedi-lo. O médico respeitável segurou forte o pulso de plástico, e em momento algum me julgou morto. Pelo contrário, depois de contar as tais pulsações, ditou para seu assistente a prescrição que me curaria de qualquer doença*.
*Do Diary of the Nobel Prize of Physics, 1960. Mario Bellatin, Flores, São Paulo: Cosac & Naify, 2009. Translation from the Spanish to Portuguese, Josely Vianna Baptista.
Homem=Carne/Mulher=Carne - Baixo
Homem=Carne/Mulher=Carne – Jello
Você vai precisar de mim
Você vai me ajudar
Você vai precisar de mim
Mas não sei quando
Não precisa de spoon live, mas corda e papel de seda, cotovelos e orelhas
É tudo o que há. Hiding a spoon she will be soon
Nuvem
Homem=carne/Mulher=carne – vaca
Eu sou uma fruta gogoia
Eu sou uma moça
Eu sou calunga de louça
Eu sou uma joia
Eu sou a chuva que moia
Que refresca bem
Eu sou o balanço do trem
Carreira de Troia
Eu sou a tiranaboia
Eu sou o Mar
Samba que eu ensaiar
Mestre não oia
Faisão com comida
Absurdo,
Veja só: estava eu dirigindo pela Marginal Tietê sob um céu cinza a 60km/h, às vezes quase a 80km/h, mas nunca a 90 quilômetros por hora porque o limite é 90 e não arriscaria receber uma multa. O trânsito também me impedia: havia carros e caminhões velhos e novos, pois o governo reduziu o IPI dos carros, achando que assim resolveria a economia, incentivando as pessoas a comprar coisas, coisas caras, que elas acham que precisam sem que lhe ocorra (ao governo) que o sistema econômico que estão tentando manter é o sistema econômico que fode a vida de 98% da população do mundo; algumas pessoas diriam até 99% das pessoas do planeta. É muita gente. Essa avenida que envolve a cidade de São Paulo, que na verdade é uma mistura de avenida com estrada, pois há 8 pistas em alguns trechos, é provavelmente a paisagem mais feia do mundo (que está sob um sistema econômico que fode a vida das pessoas etc etc). O programa de rádio que estava ouvindo meio que prestando atenção meio que não mas que anyway me levava para outro lugar que não a marginal, começou a tocar Amazonas – bailado indígena brasileiro que Villa Lobos compôs entre 1917 e 19.
Sonia Rubinsky estava ao piano.
De repente, ali na Marginal, era como se os veículos estivessem todos estáticos e que era a paisagem que rodava a 90 km/h por baixo dos pneus. Já sentiu isso? Dura alguns poucos segundos. Durante esse transe, me ocorreu que todos nós e todos os objetos, o capitalismo, a carnalidade, pléim, pléim, pléim, a crueldade da colonização, a literatura Latino Americana, o Chacrinha, a antropofagia, a Bahia, a diferença, (a onça, o tio), a inflação, pléim, pléim, pléim, o ceviche com Pisco Sour, a economia militarizada estadounidense, o Ocidente, Molly Bloom, a reforma linguística, plim, plim, plim, o Baile, o Ouro flexível, o crescimento de 3% ao ano, pléim, pléim, pléim, a História, o Bar Restaurante, o exercício experimental da liberdade, a percepção e os sentidos, deadlines e dead ends, o ponto de Gibraltar, infinitas reaberturas, tudo isso (!) durou a fração de segundo na qual pude ouvir o piano de Villa Lobos pra sempre. Pude ver a contigência como objeto exposto numa estante.
Me senti feliz.
Mágico Nu
Song,
Meu boi bonito,
Boi alegria,
Dá um adeus
Pra toda família!
Ôh…é bumba,
Folga meu boi!
Ôh…é bumba,
Folga meu boi!
Vôte vôte coandu!
Vôte vôte cuati!
Vôte vôte taiaçu!
Vôte vôte pacari!
Vôte vôte canguçu!
Êh!...
Baile